quinta-feira, 25 de junho de 2009

Observações

Ao ler o livro "A Escola dos Annales" de Peter Burke, me deparei muitas vezes com alguns termos que me deixaram curioso, como por exemplo, o termo "História das mentalidades", e também o termo, "longa duração" e "Fase A e Fase B de Simiand". Portanto, para facilitar, resolvi pequisar e disponibilizar algumas anotações sobre tais conceitos:

> A chamada História das mentalidades é considerada uma análise de tipo mais profundo da História pois visa perscrutar e compreender as grandes alterações nas formas de pensar e agir do homem ao longo dos tempos. Muitas vezes relacionado à March Bloch pelo seus estudos relacionados à Antropologia e por conta da influência que o sociólogo Émile Durkheim exercia sobre sua ideologia. Teve como destaques principais dois historiadores que com suas obras mostraram o pensar e o agir na História do mental: Bloch editou "Os Reis Taumaturgos" (obra conhecida como pioneira na história das mentalidades), uma obra comparativa entre crença e autoridades dos Reis e Febvre publicou "O Problema do Ateísmo no Século XVI: a religião de Rabelais" onde defendia a tese da História ser uma forma de estudo interdisciplinar. É uma história de representações coletivas (termo preferido por Durkheim), representações mentais, ou mesmo ilusões coletivas.

> Longa Duração: Este termo está ligado à evolução lenta da humanidade. Essa frase transformou-se num termo técnico depois que foi utilizado por Bradeul, ele foi o percusor desta visão história na sua obra "O mediterrâneo". Braudel diz que a história das estruturas-sistemas econômicos, estados, sociedades, civilizações e formas mutantes de guerra, se movimentam a um ritmo mais lento do que a dos eventos. As mudanças ocorrem no tempo de gerações, e mesmo de séculos, por isso os contemporâneos dos fatos nem sempre se apercebem delas. Na sua obra ele escreve uma história quase imóvel (em lugar de muito longa duração) e uma história lentamente ritmada (para mudanças ocorridas em apensar um século ou dois).

> Fase A e B de Simiand: François Simiand (18773-1935) foi sociólogo, historiador, economista e professor do Collége de France de 1932 a 1935. Procurou aplicar os princípios da análise sociológica de Émile Durkeim aos estudos dos fenômenos econômicos. Inspirador da área de história econômica dos Annales, estudou os ciclos econômicos de longa duração e os que atuam regularmente nos movimentos do conjunto da sociedade. Essa questão de "fase A e B" está diretamente ligada à questão econômica, de tal modo, ele afirma que as crises econômicas estão na origem de diversos tipos de ciclos, sejam eles longos ou curtos. Assim sendo, Simiand dividiu os ciclos longos em duas fases: A (períodos de expansão = prosperidade) e B (períodos de retração = depressão).

Até mais.

Escola dos Annales

Os jovens historiadores Marc Bloch e Lucien Febvre demonstravam bastante insastifação para com o modo político de ver a história, nas décadas de 10 e 20, pois estava claro que esse tipo de história convencional excluía, de fato, as outras estruturas que caracterizavam a sociedade. Esse modo tradicional de ver a história estava reduzindo a um simples jogo de poder entre grandes homens e países, e, assim, não correspondia aos anseios de uma humanidade que vivia, nessas décadas, momentos de desvinculações com o passado.

Havia, portanto, a necessidade de uma história mais abrangente e totalizante. Até porque, o homem se sentia como um ser cuja complexidade em sua maneira de sentir, pensar e agir, estava subjugada a um monopólio político historiográfico. Origina-se, em consequência, a ampliação do fazer desse processo, de forma que outras ciências do homem cooperam para uma análise histórica dos fatos, ampliando, portanto, a visão do homem e criando uma história interdisciplinar.

Surge, a partir dessa intenção, a maior contribuição de Bloch e Febvre para o modo do fazer historiográfico, quando, além de produzirem uma obra pessoal siginificativa, fundaram a revista Annales, em 1929, com o objetivo de fazer dela um instrumento de enriquecimento da história. Com a revista, o modo de ver a história mudou.

Esse movimento pode ser dividido em três fases. Em sua primeira fase, de 1920 a 1945, caracterizou-se por ser pequeno, radical e subversivo, conduzindo uma guerra de guerrilhas contra a história tradicional, a história política dos grandes homens e eventos.

A segunda fase do movimento, após a Segunda Guerra Mundial, mais se aproximou verdadeiramente de uma "escola", com conceitos diferentes e novos métodos, foi dominada pela presença de Fernand Braudel (o qual Febvre era mentor e considerado quase como um pai).

A terceira fase se inicia por volta de 1968 e é marcada profundamente pela fragmentação, em que muitos autores colaboram com importantes obras, demonstrando que esse é um movimento coletivo. Pode-se dizer, portanto, que nessa fase prevaleceu o policentrismo. Essa fase, onde o conceito de "Nova História" concretizou-se, foi marcada pela presença de Le Roy Ladurie, Jacques LeGoff e Georges Duby.

A história dos Annales pode, assim, ser interpretada em termos da existência de três gerações, mas serve como exemplo para ilustrar um processo cíclico comum, segundo o qual os rebeldes de hoje serão o establishmente de amanhã, transformando-se, por sua vez, no alvo de novos rebeldes.

"A historiografia jamais será a mesma!"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Marc Bloch

Historiador francês notório por ser um dos fundadores da revista dos Annales, em 1929, foi morto pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é considerado o maior medievalista de todos os tempos, foi um dos grandes responsáveis pelas inovações do pensamento histórico.
Sua maior influência foi o sociólogo Émile Durkheim. E apesar de seu interesse pela política contemporânea, Bloch optou por especializar-se em história medieval. Ele pensava na história sob uma pespectiva de uma "história-problema". Na qual, o historiador tem o dever de colocar questões como eixo do seu trabalho. Bloch é considerado por muitos como o fundador da antropologia histórica, ele demonstravam um enorme interesse na "história das mentalidades".

As principais obras de Bloch foram:

> Os Reis Taumaturgos: Foi escrito em 1924 e trará em grande parte as propostas que serão defendidas pelo movimento de Annales, principalmente a partir dos anos trinta. Seu tema é a crença de que reis tinham o poder de curar enfermos de uma doença de pele conhecida como o "mal dos reis". Bloch não se limitou a um período histórico convencional (a Idade Média) caracterizando uma "história de longa duração". O núcleo central do estudo era a história dos milagres e concluia com uma discussão explícita do problema de como explicar que o povo pudese acreditar em tais "ilusões coletivas". Essa obra de Bloch, por mais que retratasse uma contribuição à história das idéias de monarquia, não foi escrita por um viés político, nem muito menos, favorecei classes superiores.

> A Sociedade Feudal: Este é o livro pelo qual Bloch é mais conhecido. É uma ambiciosa síntese que abrange mais de quatro séculos de história européia, enfocando uma grande variedade de tópicos, muitos dos quais discutidos em outras obras: servidão e liberdade, monarquia sagrada, o meio e as condições de vida, os laços de sangue, a vassalidade e o feudo, a dependência das classes inferiores. Assim como em "Os Reis Taumaturgos", Bloch não privilegia os grandes homens, no caso, os senhores feudais, mesmo incluindo um longo capítulo sobre o feudalismo como uma forma de governo.

domingo, 7 de junho de 2009

Cultura





Mesmo com o grande número de opiniões antropológicas sobre o que é cultura, todas elas compartilham de uma intersecção ideológica: o que precisa ser feito é o estudo científico da cultura. Para Herskovits, a cultura é dinâmica (a tendência das culturas para mudarem no tempo) e estática (a tendência delas para resistirem às mudanças), e há um equilíbrio entre as qualidades. Disse também, que determinada cultura pode ser descrita como um agregado de características específicas e, ao mesmo tempo, ser caracterizada por um padrão ou estrutura definida. Tais como, tecnologia, economia, organização social, religião, linguagem e recreação – essas categorias estão ligadas entre si e integradas formam um todo numa cultura, e identificam tal sociedade.


A cultura está presente em todos os povos, não existe povo sem cultura. Todos possuem suas particularidades, e alguns compartilham aspectos com outros povos. Como por exemplo a cultura romana, que por ser de natureza semelhante à grega, torna-se praticamente uma cultura denominada de greco-romana. Assim sendo, a cultura é um universo compartilhado por toda a humanidade.


Grande parte da metodologia antropológica baseia-se nas técnicas de observação especializada do comportamento humano, aliadas aos da sociedade estudada. Mas a memória do homem é curta e a história oral raramente excede três gerações.


Portanto, para que uma cultura mantenha-se viva, é preciso que deixe os indivíduos livres para tomarem suas próprias escolhas, optanto pela inovação ou pela permanência.



Por: Jc Dorian.


SANDERS, William T.; MARINO, Joseph. Pré-história do Nôvo Mundo: Arqueologia do Índio Americano. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1971, p. 7-8.

sábado, 6 de junho de 2009

Pré-História – Características e Divisões


Segundo o positivismo, a Pré-história é o período compreendido entre o aparec
imento do homem sobre a Terra (há aproximadamente 5 milhões de anos) e o surgimento da escrita, por volta do ano 4000 a. C., quando, a partir daí, teve início a História propriamente dita. Todos os seres humanos descendem do mesmo ancestral comum, o hominídeo, cujos fósseis mais antigos foram localizados no continente africano. As primeiras espécies encontradas foram o Australopithecus e o Homo habilis.

O Australopithecus possuía uma arcada dentária e um esqueleto idênticos aos do homem atual. Além disso já andavam sobre dois pés e possuía um cérebro pequeno. Já o Homo habilis foi o primeiro a fabricar e utilizar instrumentos para diversos fins, além de já ter domínio sobre o fogo.
Parece ter sido o Homo erectus a última escala evolutiva até o homem atual. Foi ele quem primeiro abandonou a África, com seu nomadismo, espalhando-se pelo mundo. Antes de chegar à espécie atual, o Homo sapiens, o homem passou por uma série de transformações, conforme atestam os fósseis encontrados do Neanderthal, na Alemanha, e do Cro-Magnon, na França.

Períodos da Pré-história

A Pré-história pode ser dividida em três períodos: o Paleolítico, o Neolítico e a Idade dos Metais:

  • Paleolítico (+ou- 1.500.000 a.C. a +ou- 10.000 a.C.):

É caracterizado pelo uso de utensílios elaborados a partir da pedra lascada. Nesse momento, o ser humano era nômade, subsistindo a partir da coleta, da caça e da pesca. Constituía a sociedade dos coletores-caçadores. Em comunidades onde predominava a propriedade coletiva dos meios de produção.


  • Neolítico (+ou- 10.000 a.C. a +ou- 6.000 a.C.):

Também denominado de Idade da Pedra Polida. É marcado pelo processo de sedentarização da espécie humana. A partir do domínio sobre técnicas agrícolas e da criação de animais, formaram-se os primeiros núcleos urbanos e deu-se a organização das tribos, que correspondem a formações sociais mais complexas (a formação das tribos sucede a formação dos bandos). Que posteriormente passaria para a estrutura social de Estado Antigo (que é marcado pela propriedade privada) e pelo início das trocas comerciais.

  • Idade dos Metais (+ou- 6.000 a.C. a +ou- 4.000 a.C.):

Este período também é denominado de Civilização. Foi o momento em que o ser humano, aperfeiçoando técnicas de metalurgia, conseguiu elaborar instrumentos de trabalho e armas. Com isso, alguns grupos passaram a deter a hegemonia sobre outros e as sociedades dividiram-se em classes sociais.


A transição da Pré-história para a História deu origem a duas grandes estruturas da Antiguidade: as civilizações de servidão coletiva e as escravistas.

Texto retirado e modificado do site História do Mundo.

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Ps¹: A sociedade dos Coletores-caçadores não deixou de existir com a transição do Paleolítico para o Neolítico. Até hoje somos coletores-caçadores, não da mesma maneira, mas somos.

Ps²: A sedentarização no período Neolítico se deu porque com a aprendizagem das técnicas agrícolas os povos começaram a perceber que armazenar seus alimentos, em cabaças e potes, era mais vantajoso. Ou seja, as sementes caiam das cabaças e com o tempo cresciam as plantações, dai perceberam que podiam ter alimento sem sair do local onde estavam. As mulheres são tomadas como iniciantes na técnica da agricultura, porque enquanto os maridos iam caçar, elas cuidavam dos alimentos, com isso, é sugestivo que foram elas as primeiras a perceber o crescimento das plantações. Assim sendo, o alimento duraria mais tempo, e o período entre uma caça e outra aumentou. Com isso, o aumento da população cresceu em nível paralelo.

Até mais.

Por: Jc Dorian.

O início

A princípio gostaria de informar que este blog pertece à turma do curso de História 2009.1, da UPE - Campus Petrolina.

Nesse espaço digital pretendemos disponibilizar assuntos relacionados ao tema, que servirão de auxílio tanto para quem estuda história (universitário ou não), ou para quem apenas se interessa pelo assunto. Portanto, você encontrará temas que levam para o questionamento, fazendo com que as pessoas desenvolvam seu pensamento crítico.

Espero que gostem!

por: Jc Dorian.